Hoje a Igreja celebra a memória do Santo
Capuchinho que marcou o século passado e continua do Céu, mais do que nunca, a
sua obra de evangelização: Padre Pio de Pietrelcina.
Onze dias antes da sua morte, o Padre Pio
de Pietrelcina escreveu uma carta ao Papa Paulo VI. Nessa missiva dizia o
santo: “Sei bem das profundas aflições que angustiam o vosso coração nestes
dias relativamente aos novos rumos da Igreja, à paz do mundo e as múltiplas
necessidades dos povos. Mas sobretudo pela falta de obediência de alguns
católicos a respeito dos esclarecedores ensinamentos que Sua Santidade, com o
auxílio do Espírito Santo, nos tem dado em nome de Deus”, e agradece ao
Pontífice, “em nome de meus filhos espirituais e dos grupos de oração” pela
“posição clara e decisiva que nos transmitistes, especialmente na última
encíclica Humanae Vitae, e reafirmo a minha fé e a minha obediência
incondicional às vossas iluminadas diretrizes”.
Hoje a Igreja comemora o 45° aniversário
da entrada ao paraíso do Santo Estigmatizado, canonizado por João Paulo II no
dia 16 de Junho de 2002.
“Qual é o segredo de tanta admiração e
amor a este novo Santo?” - perguntava João Paulo II no discurso da cerimônia de
canonização – “Ele é, em primeiro lugar, um ‘frade do povo’, característica
tradicional dos Capuchinhos. Além disso, ele é um santo taumaturgo, como
testemunham os extraordinários acontecimentos que adornam a sua vida. Mas,
sobretudo, Padre Pio é um religioso sinceramente apaixonado de Cristo
crucificado. Ele participou no mistério da Cruz também de maneira física ao
longo da sua vida”.
Vida e vocação
Nascido no dia 25 de Maio de 1887, às
cinco horas duma tarde chuvosa, Francisco Forgione, o futuro capuchinho santo,
é da cidade de Pietrelcina (Província de Benevento), na época uma pacata região
onde a população era sã e crente. O casamento de Grazio Forgione e Maria
Giusappa De Nunzio foi abençoado com o fruto de oito nascimentos, sendo o Padre
Pio, o quinto filho.
Já como criança mostrou ter uma grande
sensibilidade para o sobrenatural; desde a idade de onze anos, consagrou-se
espontaneamente ao Senhor e a S. Francisco.
Depois
de terminados os estudos preparatórios como postulante, quando as primeiras
dificuldades que ameaçavam o desabrochar da sua vocação foram vencidas, foi
permitido a Francisco começar o seu noviciado nos Padre Capuchinhos no convento
de Morcone, na província de Benevento, no dia 22 de Janeiro de 1903. A 10 de
Agosto de 1910 foi ordenado sacerdote na catedral de Benevento por Monsenhor
Shinosi. Entre a numerosa assistência notava-se sua mãe. Chorava comovida: um
filho padre!
Sofrimento, oferecimento e estigmas
“Sinto dores violentas. Tenho a impressão
que as minhas mãos, os meus pés e o meu lado são trespassados por uma lâmina,
enquanto eu medito na Paixão de Cristo”, escrevia o santo ao seu confessor por
volta de 1912, quando tinha apenas 23 anos.
“A missa do Padre Pio era um mistério
incompreensível”, declara Don Giuseppe Orlando, um santo padre, também ele
nascido em Pietrelcina: “A missa por vezes durava mais de quatro horas. Via-se
que estava de tal forma abrasado em Deus que ficava mais de uma hora imóvel em
êxtase. Por vezes, ficava como que petrificado como o altar. A expressão do seu
rosto transfigurava-se; por momentos irradiava felicidade, depois exprimia de
novo sofrimento e dores físicas”.
Na Sexta-Feira, 20 de Setembro de 1918
recebeu, tal como o seu bem-aventurado patrono S. Francisco de Assis, a marca
sangrenta das chagas de Cristo, nas mãos, nos pés e no lado esquerdo. O Padre
Pio estava só no convento. Recebeu os estigmas durante uma visão. Enquanto o
jovem capuchinho estava em oração no coro da pequena igreja, meditando na
Paixão de Cristo diante do grande crucifixo que aí se encontrava e ainda se
encontra, Cristo apareceu-lhe com as chagas sangrentas. Ele mesmo narra em uma
das suas cartas:
“Encontrava-me no coro – conta ele –
depois da celebração da missa, quando fui surpreendido por uma calma que se
assemelhava a um doce sono. Todos os meus sentidos, internos e externos e a
faculdade do meu espírito, também se encontravam numa tranquilidade
indescritível...” E continua “E todo o resto se passou num relâmpago, e
enquanto isto se passava, eu vi diante de mim um personagem misterioso, o mesmo
que tinha aparecido a cinco de Agosto, com a única diferença que desta vez as
suas mãos e os seus pés e o seu peito escorriam sangue. Esta visão apavorou-me;
o que senti nesse instante, nunca lho saberei contar. Sentia-me morre e decerto
teria morrido se o Senhor não interviesse, para suster o meu coração que me
parecia querer saltar do meu peito. Essa personagem desapareceu e então reparei
que as minhas mãos, os meus pés e o meu peito, estavam trespassados e escorriam
sangue! Imagine a tortura que senti então e que sinto continuamente cada
dia...”
Zelo apostólico
Entre as pessoas ilustres que o procuraram
encontra-se o então bispo de Cracóvia, Karol Wojtyla, futuro Papa João Paulo
II. Testemunham isso também duas cartas enviadas ao santo no ano de 1962,
quando Karol se encontrava em Roma durante o Concílio Vaticano II. Nessa carta
agradece a oração do Padre Pio pela cura de uma médica com cancro e pelo filho
de um advogado de Cracóvia que trazia uma doença de nascença. Na carta pedia
também a intercessão por mais duas intenções: uma senhora paralisada e as
enormes necessidades pastorais da sua diocese.
O Padre Pio não pensava senão nas almas.
Numa carta dirigia ao seu confessor, escrevia: “Nada mais vos quero dizer senão
isto: Jesus concede-me uma íntima alegria quando posso sofrer e trabalhar pelos
meus irmãos. Trabalhei e continuarei a trabalhar. Rezei e quero continuar a
rezar pelos meus irmãos. Velei e quero continuar a velar ainda mais. Chorei e
quero chorar sempre pelos meus irmãos no exílio”.
“Segui o exemplo do vosso santo confrade
falecido há pouco – dizia Paulo VI em um discurso aos membros do Capítulo Geral
da Ordem dos Capuchinhos – “Vede a fama que ele teve! Que clientela mundial ele
não conseguiu à sua volta! Mas, porquê? – Seria ele um filósofo, um sábio,
dispondo de meios? – Apenas porque dizia missa humildemente, confessava de
manhã à noite, e era, é difícil de o dizer, o representante de Nosso Senhor,
marcado com as chagas da nossa Redenção”. Peçamos hoje a intercessão de tão
poderoso amigo de Deus.
In http://senzapagare.blogspot.pt/2017/09/padre-pio-dizia-missa-humildemente.html
In http://senzapagare.blogspot.pt/2017/09/padre-pio-dizia-missa-humildemente.html
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